Um grifo-pedrês
Um grifo-pedrês
Murilo Guimarães
86 pp.
Urutau, 2021
9786559001316
Há palavras no universo de uma língua que estão vivas a muitíssimos anos luz daqui. Há outras que, nesse mesmo tempo, são como um sol estonteado ou firme na via láctea e fazendo nossos dias. Há palavras-lua dos planetas, palavras-mar vivo da terra, palavras-passarinhos voando aqui perto, palavras-estrelas parangolando o céu da noite da cidade. Todas inteiras e vibrantes em cada tamanho e distância.
No mundo desse livro, no seu corpo de poemas, o sol, a palavra-sol é um grifo-pedrês. É ela que do seu alto lança raios de brilho luz-laranja, seu calor, para cada corpo de versos semoventes no invólucro biografado e vivo dessas páginas.
E na história dos versos aqui, um grifo-pedrês, sol dos poemas, tragado na turbina de um avião no céu da África:
Em que pese a obscuridade,
tendo em vista a suprema covardia,
todos os assassinos serão tragados
pela marcha dos mártires esquecidos.
O sol desponta nas entrelinhas,
a iluminar os rostos assombrados.
O sol desponta nas entrelinhas,
a despeito do ministério da justiça.
Mas também, gosto de pensar no grifo encantado do bestiário antigo, corpo de leão, cabeça, garras e asas de águia, um sol, em seu ninho de ouro.
Além de um legítimo e típico galo carijó cercado no quintal de casa.
Luís Capucho
Murilo Guimarães
86 pp.
Urutau, 2021
9786559001316
Há palavras no universo de uma língua que estão vivas a muitíssimos anos luz daqui. Há outras que, nesse mesmo tempo, são como um sol estonteado ou firme na via láctea e fazendo nossos dias. Há palavras-lua dos planetas, palavras-mar vivo da terra, palavras-passarinhos voando aqui perto, palavras-estrelas parangolando o céu da noite da cidade. Todas inteiras e vibrantes em cada tamanho e distância.
No mundo desse livro, no seu corpo de poemas, o sol, a palavra-sol é um grifo-pedrês. É ela que do seu alto lança raios de brilho luz-laranja, seu calor, para cada corpo de versos semoventes no invólucro biografado e vivo dessas páginas.
E na história dos versos aqui, um grifo-pedrês, sol dos poemas, tragado na turbina de um avião no céu da África:
Em que pese a obscuridade,
tendo em vista a suprema covardia,
todos os assassinos serão tragados
pela marcha dos mártires esquecidos.
O sol desponta nas entrelinhas,
a iluminar os rostos assombrados.
O sol desponta nas entrelinhas,
a despeito do ministério da justiça.
Mas também, gosto de pensar no grifo encantado do bestiário antigo, corpo de leão, cabeça, garras e asas de águia, um sol, em seu ninho de ouro.
Além de um legítimo e típico galo carijó cercado no quintal de casa.
Luís Capucho