tradução: Manuel Alberto Vieira capa: Bruno Inácio a partir de fotografia de Robert Wiles
Edições Cutelo, 2022
172 pp
200 exemplares
-
OS SONS DO COMBOIO DE TRANSPORTE DE CARVÃO (2)
E se eu estiver desaparecido num lugar longínquo e quiserem encontrar-me, vão a Rainelle, na Virgínia Ocidental, numa noite qualquer. A rua estará vazia às 23h30. Portantovão lá e ponham-se à escuta e eu aparecerei a correr. Seguiremos para onde o comboio negro nos levar, rumo às profundezas das montanhas, rumo às profundezas de um lugar onde ninguém sabe o nosso nome, qual máquina do tempo só nossa que nos levará não para o futuro longínquo,mas para o passado remoto, antes de aqui haver cidades,antes sequer de termos nascido. Seremos depois dinossauros e finalmente não existiremos sequer. Graças a Deus.
E agora estarão a dizer, “Que som é aquele?”Ao que eu digo, “É o som do comboio de transporte decarvão que está a chegar. Está a chegar para nos levar.”