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  • O Corpo, A Sexualidade e o Erótico na Obra de Júlio Pomar

O Corpo, A Sexualidade e o Erótico na Obra de Júlio Pomar

15,00 €  
IVA incluído

de Júlio Pomar e Salomé Lamas

Design: ilhas
Apresentação: ilhas, Isabel Ramos, Miguel Martins, Pedro Faro, Roger Munier, Sara Antónia Matos
112 páginas a cores
EAN: 9789899006492
Documenta, Outubro de 2020 (com o Atelier-Museu Júlio Pomar)

Em seus momentos de desespero, ele afirma que o desenho não existe e que não é possível obter com traços senão figuras geométricas; [...] o desenho dá o esqueleto, a cor é a vida, mas a vida sem o esqueleto é uma coisa mais incompleta que o esqueleto sem a vida.
(Honoré de Balzac, Le Chef-d’oeuvre inconnu)

O corpo, a sexualidade e o erótico na obra de Júlio Pomar (2019) é uma instalação concebida por Salomé Lamas, que a artista e cineasta realizou a convite do Atelier-Museu, para mostrar na sequência da exposição «Júlio Pomar: Formas que se tornam outras», sobre a dimensão erótica no percurso deste artista. A peça estabelece correspondências livres entre os escritos do pintor e o seu trabalho pictórico, concentrando-se principalmente nas explorações e preocupações de Júlio Pomar em torno do corpo, da sexualidade e do erótico. […]

Numa instalação feita com projectores de slides e som, a cineasta usa imagens de arquivo, por vezes mostrando fragmentos de obras, outras vezes a sua totalidade. Estas imagens são retrabalhadas, ligeiramente alteradas, sublinhando algum elemento (um traço, uma mancha) ou reforçando aquilo que pretende ser comunicado (processos, matérias, metodologias, referências), questionando aquilo que é tradicionalmente considerado o conteúdo de uma obra. O que é o conteúdo de uma pintura? De um desenho? De uma imagem? O que está figurativamente representado, ou também a sua dimensão matérica e formal? Na realização da obra, Salomé Lamas, partindo da consulta de livros publicados sobre o artista, de vários ficheiros digitais e outras informações, na impossibilidade mas ambição de tudo ver, problematiza também a ideia de «arquivo». Ao fazê-lo, questiona o modo como a História da Arte, com os seus critérios científicos, e por vezes alguma moralidade, arruma, categoriza e fixa modos de ver. Nesta obra, pondo em jogo uma dimensão autoral, a sua, a cineasta reorganiza e edita fragmentos de um património cultural comum, fazendo lembrar Godard no Livro da Imagem:

«Ainda te lembras de como antes exercitávamos o pensamento? Costumávamos partir de um sonho. Perguntávamo- nos como era possível que, na obscuridade total, em nós surgissem cores de tal intensidade. Diziam-se grandes coisas, coisas importantes, espantosas, profundas e justas, num tom de voz doce e baixo. Imagem e palavra.»

[Sara Antónia Matos / Pedro Faro]