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Mulheres, Visões e Revoltas

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SKU: 9789899975231

Mulheres, Visões e Revoltas
de António Pedro Ribeiro

Apuro - Edições, 2023
9789899975231



Texto de Sérgio Almeida para o Jornal de Notícias:


São mais de 20 anos a proclamar a urgência de uma revolução, não só política e social, mas sobretudo da esfera do indivíduo, esse território último, afinal, onde tudo germina.

Desde os primeiros livros até ao presente, António Pedro Ribeiro prossegue uma sanha poética feita da recusa da aceitação das normas vigentes que tem como objetivo maior a construção de um Homem novo.

Aos que lhe colam o rótulo de utópico, como se de um insulto se tratasse, limita-se a apontar para a História, ou não tivessem sido aqueles que propuseram caminhos alternativos aos da maioria os grandes responsáveis pelas mudanças verificadas através dos tempos.
Na esteira das suas grandes influências de hoje e sempre, de Nietzsche a Che Guevara, de Jim Morrison a Baudelaire, procura questionar os supostos grandes valores. “Quantos vales hoje no mercado ? / Vendeste-te bem na praça? / Amor, felicidade, liberdade / isso já não interessa / estás aqui para competir / para agradar ao patrão / ao deus que te controla / / nada de fantasias ou utopias / sê eficaz / obedece / não questiones / submete-te”, escreve no poema “Mercado”.

Apesar da coerência inatacável que percorre estes escritos, o tempo não passou à margem. Como o próprio confessa em “Um homem de contrastes”, lembrando que “o poeta dos cafés e dos bares” deu agora lugar a um ser mais contemplativo, mesmo que prossiga com “as viagens mentais” proporcionadas pela escrita e pela poesia.

“De metralhadora na mão”, o vocalista do grupo Sereias junta-se ao coro daqueles que, em seu entender, têm verdadeiro interesse: “os loucos, os palhaços, as putas”, nos antípodas do que chama de “vendilhões”, como “os consumistas, os moralistas e os patrões”.
Nem só de apelos à revolta é feita esta escrita, na qual também encontramos uma dimensão íntima onde cabem odes frequentes às mulheres, eterna inspiração de muitos dos seus poemas.

Súmula temática e ideológica do que foi escrevendo ao longo dos anos, “Mulheres, visões e revoltas” distingue-se da maioria do que já publicou pela depuração crescente. Essa busca do mínimo encontra apenas exceção em “O grande maldito”, porventura o pico criativo do livro, em que Ribeiro lança um longo olhar retrospetivo sobre uma existência feita “para celebrar / para gritar / para ir até ao fim”.