Lourenço é nome de jogral

Lourenço é nome de jogral
Fernanda Botelho

«Dado à estampa em 1971 e distinguido, nesse mesmo ano, com o Prémio Nacional de Novelística, Lourenço é nome de jogral encerra aquele que tem sido considerado como o primeiro ciclo de publicação da obra de Fernanda Botelho, iniciado, em 1957, com Ângulo raso. A ele se sucederá um interregno de mais de uma década a que, em 1987, o romance Esta noite sonhei com Brueghel irá, enfim, pôr termo. Se aqui relembro, de passagem, esta cronologia, é porque ela me parece sintoma de que Lourenço é nome de jogral é já ponto de chegada de um projeto ficcional conglobante que Mário Sacramento argutamente descreveu como um «romance-em-romances”. (…)

Com efeito, Lourenço é nome de jogral não dissente desta paisagem ficcional fortemente coesa, o que explica que no romance compareçam figuras, cenários narrativos e gestos de escrita reconduzíveis a esse universo pessoal da autora que as narrativas precedentes tinham ajudado a fixar. Mantêm-se, assim, a ambientação urbana da intriga e a nítida preferência por personagens recrutadas no seio de uma elite intelectual pequeno-burguesa progressista, tornadas porta-vozes perplexos de uma “geração entalada entre gerações dinamizantes, sonoras, fermentadas»3, repartidas entre a congeminação mais ou menos ociosa e improdutiva sobre o status mundi e a fruição de um erotismo errático e dissipador que a recente liberalização de costumes colocara em voga.»

Do Prefácio de Paulo Alexandre Pereira

Edição #107
Lisboa, Janeiro 2020

Design e logótipo convidado
Maria João Carvalho

Composto em caracteres Freight Text
sobre papel Coral Book Ivory vol. 1.5 de 90 g/m2
Capa em cartolina cromo de 260 g/m2

Isbn 978-989-9014-04-6
15,5 x 23,5 cm
216 págs.