Imagem em Fuga: Júlio Pomar, Menez e Sónia Almeida
Imagem em Fuga: Júlio Pomar, Menez e Sónia Almeida
Organização de Sara Antónia Matos
Textos de Sara Antónia Matos, Maria Quintans, Júlio Pomar
Design gráfico de Oh!Mana
17 pp (a cores)
Documenta, 2022
9789895680191
Esta exposição pretende pensar o modo como o trabalho de Júlio Pomar se cruza com o trabalho de Menez, com quem manteve uma relação epistolar e artística de grande cumplicidade e admiração, e o de uma pintora de uma geração mais nova, Sónia Almeida, para quem o trabalho de Menez foi referência no tempo de faculdade. Em torno da ideia de influência e contaminação em arte(tomando o entendimento desses conceitos como produtivo e não pejorativo), procura explorar-se o modo como as imagens se fixam e simultaneamente nos fogem.O título, «Imagem em Fuga», é motivado pelo interesse que Sónia Almeida mostrou na obra de Júlio Pomar, nomeadamente nos painéis do Cinema Batalha, frescos pintados sobre a parede, no final da década de 40, e mandados destruir logo de seguida, por intermédio da PIDE: imagens desaparecidas, apagadas, inacessíveis desde então. Dessas imagens que nos fogem e das quais hoje resta apenas documentação (fotografias, desenhos, projecto e cartas que testemunham a censura a que a obra foi sujeita) nasceram contágios que remanescem agora no projecto de Sónia Almeida para o Atelier-Museu.[Sara Antónia Matos]
A pintura de Menez ou esta ópera — vejo-as ambas neste teclado. Negaça do vivido da escrita, o objecto palavra parece às vezes não andar longe. Por negaça e poder de aparência: consignar num lugar o que nele não está, a claridade fugaz daqueles passos em que a voz se projecta para além do desejo ou da recusa de saber.Cerrem-se as pálpebras: já a imagem se tece. Mas a palavra imagem é ainda rígida. Substituí-la por: o que se respira num lugar de passagem, fluxo, visitação.Eis o que dei comigo a conspirar, passando de ratoeira para ratoeira pela mão traiçoeira da palavra.
Sobre, ou a partir da pintura de Menez. Pintura a que chamaria metafísica se os classificantes do inclassificável não tivessem posto o adjectivo em saldo.[Júlio Pomar]
Organização de Sara Antónia Matos
Textos de Sara Antónia Matos, Maria Quintans, Júlio Pomar
Design gráfico de Oh!Mana
17 pp (a cores)
Documenta, 2022
9789895680191
Esta exposição pretende pensar o modo como o trabalho de Júlio Pomar se cruza com o trabalho de Menez, com quem manteve uma relação epistolar e artística de grande cumplicidade e admiração, e o de uma pintora de uma geração mais nova, Sónia Almeida, para quem o trabalho de Menez foi referência no tempo de faculdade. Em torno da ideia de influência e contaminação em arte(tomando o entendimento desses conceitos como produtivo e não pejorativo), procura explorar-se o modo como as imagens se fixam e simultaneamente nos fogem.O título, «Imagem em Fuga», é motivado pelo interesse que Sónia Almeida mostrou na obra de Júlio Pomar, nomeadamente nos painéis do Cinema Batalha, frescos pintados sobre a parede, no final da década de 40, e mandados destruir logo de seguida, por intermédio da PIDE: imagens desaparecidas, apagadas, inacessíveis desde então. Dessas imagens que nos fogem e das quais hoje resta apenas documentação (fotografias, desenhos, projecto e cartas que testemunham a censura a que a obra foi sujeita) nasceram contágios que remanescem agora no projecto de Sónia Almeida para o Atelier-Museu.[Sara Antónia Matos]
A pintura de Menez ou esta ópera — vejo-as ambas neste teclado. Negaça do vivido da escrita, o objecto palavra parece às vezes não andar longe. Por negaça e poder de aparência: consignar num lugar o que nele não está, a claridade fugaz daqueles passos em que a voz se projecta para além do desejo ou da recusa de saber.Cerrem-se as pálpebras: já a imagem se tece. Mas a palavra imagem é ainda rígida. Substituí-la por: o que se respira num lugar de passagem, fluxo, visitação.Eis o que dei comigo a conspirar, passando de ratoeira para ratoeira pela mão traiçoeira da palavra.
Sobre, ou a partir da pintura de Menez. Pintura a que chamaria metafísica se os classificantes do inclassificável não tivessem posto o adjectivo em saldo.[Júlio Pomar]