Aceitamos (quase) todo o tipo de pagamentos.
  • Horizonte de espantos

Horizonte de espantos

14,01 €  
IVA incluído

SKU: 9786559002269

Horizonte de espantos
Ronaldo Cagiano

78 pp.
Urutau, 2022
9786559002269

O poeta, prosador e crítico brasileiro Ronaldo Cagiano lança novo livro a partir de sua atual morada lusitana. Distinguido com um prêmio Jabuti por seu livro de contos Eles não moram mais aqui (2016), Cagiano nos apresenta, neste Horizonte de espantos, um desaguadouro afetivo dos temas capitais que inervam sua escrita.
Tal como Alberto Caeiro, que exaltava “o rio que corre pela minha aldeia”, Cagiano também não se distancia muito dos rios que cortam sua cidade natal, Cataguases, Minas Gerais: o Pomba e o ribeirão Meia Pataca, que flagelam os ribeirinhos em época de cheias. Não por acaso, o poeta já publicou Os rios de mim (editora Urutau, 2018). Assim é que este inventário de espantos, por mais kafkiano ou algo fantástico em certas narrativas, revisita inelutavelmente os tempos e viventes das margens do rio Pomba. Pois é o anjo (ou o demônio?) da memória que preside a estes relatos, como em “Estrangeiro”, em que o protagonista percorre sua antiga cidade interiorana, revendo fantasmas pontuais e sempre assombrado com a permanência desse tempo staccato, coagulado. Esse fluxo da memória beira o delírio em “Acossados”, enquanto a vítima de um sequestro-relâmpago, sob a mira de armas, é avassalada por rajadas de lembranças extemporâneas.
O espanto é recorrente até mesmo numa crônica aparentemente lírica da infância, “Vozes”, que será marcada pelo espanto da finitude e da dissolução final. E o conflito da vida republicana brasileira se atualiza em “Vórtice”, quando velhos companheiros de luta armada, nos Anos de Chumbo, se reencontram em meio às manifestações políticas de junho de 2013. Segundo Jorge Luis Borges, todo autor teria no máximo uns quatro ou cinco temas eletivos, aos quais retornaria, assim como Uróboro/Ourobóros, a serpente mítica, devora a própria cauda. Nessa viagem circular, à beira do rio Pomba ou do Tejo, o escritor Ronaldo Cagiano segue acompanhado por seu cortejo de fantasmas, históricos e existenciais, rumo ao perene horizonte de espantos.

Luiz Roberto Guedes