Esse sangue não é de menstruação, mas de transfobia
Esse sangue não é de menstruação, mas de transfobia
de Maria Lucas
50 pp.
Urutau, 2021
9786587938226
Eu ouço Ela cantarolar. Já ouvia antes d´Ela começar a caminhar. Ela era outra, ao mesmo tempo em que era ela mesma. A sua jornada, como de toda pessoa trans, não foi de si para o mundo, foi do cenário exterior para o seu próprio interior, descobrindo-se ao mesmo tempo em que se compunha. Atriz de sua peça, protagonista de sua vida.
Canções de outrora abafadas pelo barulho da contemporaneidade. Maria Lucas escutou as vozes ancestrais e contou a Ela, afetando-se-lhe.
A sagaz escritora confere a Ela uma capacidade ímpar de compreender o quanto de subalternizante pode haver em atos aparentemente gentis da cisnormatividade. Ela pergunta a quem a lê: quais são os limites da sua sororidade? Até que ponto não se resume a um gozo ante à dor alheia? O que significam “casa” e “família”? Por que o sofrimento afligido a esta corpa lhe importa menos do que a uma mulher cis? Por que você fala em amor mas a deseja apenas como objeto sexual?
Estas não são questões exóticas, são universais. A fábula fala de ti também, não importa a sua identidade de gênero, mas qual papel você encena? Gênero são óculos que foram colocados no rosto de todo mundo, mas poucos sabem que o usam.
Através de quais lentes você enxerga o seu próprio mundo? Um microscópio que nos reduz a bucetas e paus ou um telescópio que nos alcança nas constelações?
O fato de estar cercada de artistas de forma alguma a isola da transfobia ou lhe garante um abraço. Ela denuncia o sonho da oprimida em se tornar opressora, porque se sente melhor ao pisar na travesti, que considera menos mulher.
Mas Ela não é minúscula e Maria Lucas é uma estrela! Nestas páginas você não conhecerá um falso brilhante, há substância nestas linhas. Gritos de liberdade. Resposta amorosa ao mar de ódio que tenta nos afogar.
Ela não abaixa a cabeça para falsas acolhidas, parte da casa assassinada. O que lhe prepara o futuro? Este livro não responderá, Maria Lucas tem muito mais estória do que cabe na prosa. Evoé.
Jaqueline Gomes de Jesus
de Maria Lucas
50 pp.
Urutau, 2021
9786587938226
Eu ouço Ela cantarolar. Já ouvia antes d´Ela começar a caminhar. Ela era outra, ao mesmo tempo em que era ela mesma. A sua jornada, como de toda pessoa trans, não foi de si para o mundo, foi do cenário exterior para o seu próprio interior, descobrindo-se ao mesmo tempo em que se compunha. Atriz de sua peça, protagonista de sua vida.
Canções de outrora abafadas pelo barulho da contemporaneidade. Maria Lucas escutou as vozes ancestrais e contou a Ela, afetando-se-lhe.
A sagaz escritora confere a Ela uma capacidade ímpar de compreender o quanto de subalternizante pode haver em atos aparentemente gentis da cisnormatividade. Ela pergunta a quem a lê: quais são os limites da sua sororidade? Até que ponto não se resume a um gozo ante à dor alheia? O que significam “casa” e “família”? Por que o sofrimento afligido a esta corpa lhe importa menos do que a uma mulher cis? Por que você fala em amor mas a deseja apenas como objeto sexual?
Estas não são questões exóticas, são universais. A fábula fala de ti também, não importa a sua identidade de gênero, mas qual papel você encena? Gênero são óculos que foram colocados no rosto de todo mundo, mas poucos sabem que o usam.
Através de quais lentes você enxerga o seu próprio mundo? Um microscópio que nos reduz a bucetas e paus ou um telescópio que nos alcança nas constelações?
O fato de estar cercada de artistas de forma alguma a isola da transfobia ou lhe garante um abraço. Ela denuncia o sonho da oprimida em se tornar opressora, porque se sente melhor ao pisar na travesti, que considera menos mulher.
Mas Ela não é minúscula e Maria Lucas é uma estrela! Nestas páginas você não conhecerá um falso brilhante, há substância nestas linhas. Gritos de liberdade. Resposta amorosa ao mar de ódio que tenta nos afogar.
Ela não abaixa a cabeça para falsas acolhidas, parte da casa assassinada. O que lhe prepara o futuro? Este livro não responderá, Maria Lucas tem muito mais estória do que cabe na prosa. Evoé.
Jaqueline Gomes de Jesus