Escrito na Grécia
Escrito na Grécia
de Amadeu Baptista
Afrontamento, 2022
9789723619232
Os poemas deste livro de Amadeu Baptista vivem, portanto, de subtis dicotomias, são agenciados por subtis dicotomias: o contar e o cantar, o evanescente e o concreto, a vida e a morte, a lembrança e o esquecimento. Na casa que todos os poemas são, há um discurso que conta, nem sempre canta, mas nem por isso recua em face da possibilidade de assaltar o leitor com enigmática carga expressiva, como se, num volte-face de tom, o poema que conta quisesse abarcar a sugestão. Alguns exemplos: «Andros», «Antípaxos», «Argos», entre muitos outros que se organizam em função de uma imagem-símbolo, ou de uma frase-imagem que promove o desenvolvimento dos versos subsequentes, numa apertada malha de sintagmas, de orações que emolduram o quadro projetado: «O coração está aceso durante a vigília/ para que uns durmam e outros/ perscrutem a escuridão e defendam/ o poço.Bebemos água noturna a mais fresca, a mais mansa, a que a lua escolheu/ para se aproximar dos homens e brilhar/ nas suas gargantas».
Do prefácio
António Carlos Cortez,
Lisboa, Julho, 2021
de Amadeu Baptista
Afrontamento, 2022
9789723619232
Os poemas deste livro de Amadeu Baptista vivem, portanto, de subtis dicotomias, são agenciados por subtis dicotomias: o contar e o cantar, o evanescente e o concreto, a vida e a morte, a lembrança e o esquecimento. Na casa que todos os poemas são, há um discurso que conta, nem sempre canta, mas nem por isso recua em face da possibilidade de assaltar o leitor com enigmática carga expressiva, como se, num volte-face de tom, o poema que conta quisesse abarcar a sugestão. Alguns exemplos: «Andros», «Antípaxos», «Argos», entre muitos outros que se organizam em função de uma imagem-símbolo, ou de uma frase-imagem que promove o desenvolvimento dos versos subsequentes, numa apertada malha de sintagmas, de orações que emolduram o quadro projetado: «O coração está aceso durante a vigília/ para que uns durmam e outros/ perscrutem a escuridão e defendam/ o poço.Bebemos água noturna a mais fresca, a mais mansa, a que a lua escolheu/ para se aproximar dos homens e brilhar/ nas suas gargantas».
Do prefácio
António Carlos Cortez,
Lisboa, Julho, 2021