Baixo-Relevo
Baixo-Relevo
R. Lino
A poesia desta autora é de uma intensidade pouco habitual entre nós. Em Baixo-Relevo, podemos perguntar-nos: que raízes e caminhos abre a língua destes versos nas palavras do seu dizer? Que vozes e circunstâncias se acolhem no relevo de cada poema?
apontadas para a voz do tempo
as paredes da memória
alimentam-se
das sementes da terra
tão detalhada e rigorosamente
como o movimento das pálpebras;
os ossos da voz rasgam o silêncio das palavras
e é no relevo do tacto
que olham e que dizem
como os destinos da vida
se abrigam sob o gesto da morte
numa terra solar
onde as sombras
têm a veemência da luz.
[Arte Poética I]