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  • Auto retrato para 1ª posição de Gatas

Auto retrato para 1ª posição de Gatas

13,00 €  
IVA incluído
Auto retrato para 1ª posição de Gatas
Catarina Ana

108 pp.
Urutau, 2021

Rejo-me por este princípio, qual Mandamento-sem-tábua: Não te pronunciarás sobre poesia alheia. A presente excepção deve-se a como entra este livro por porta traseira, na última hora da noite, para acender as luzes da casa. Escrevo isto porque após a leitura me descalcei, enfiei os pés na areia e renomeei as coisas simples. O que aqui encontram é um corpo ágil, pronto para o jejum e o silêncio tanto quanto para a folia e a purga. Nestes poemas são enviados reptos à pineal e sobrevoados quotidianos com olhar de águia, de mãe, ou de águia-mãe. Este corpo pariu, estendeu lençóis de linho, acordou morno, fez a espargata, enfiou-se no fundo da terra para estremecer com as árvores e ao final do dia soube reformular-se numa constelação descomplicada: “tudo já deve estar escrito/menos eu”. Por exemplo. Onde se insinua o poema podia bem estar uma mapa (donde vem a escrita?),uma deixa coreográfica ou uma pista de dança (com ancas de bambu), uma cosmologia (“estrelas mortas outra vez seremos/e muito mais seremos”), uma receita para fermentados. Um recado de amor. A ideia para uma peça que não se chega a criar por ser já tão bom ter ideias. Poderia citar outros versos e desfiar um panegírico mas a verdade é que segui tudo isto de perto, meio enamorada e, como diz Catarina Ana: “só pus likes no teu cão”.

Joana Bértholo