Mas o rosto dela está definitivamente gravado no corpo do homem, solidificado nos seus olhos, como um banco de coral. As suas lágrimas caem na pedra fabricando novos rochedos. É nessa visão que os pássaros suspendem o voo, nesse enigma. A figura de branco mistura-se com a ninfa amortalhada e esta olha para a remadora como se habitassem num vaso grego, num outro mausoléu esquecido nas masmorras da ilha. Ouve-se um grito, o som de um suplício e os ciprestes fecham-se tomando a forma de uma árvore de fruto. Uma única árvore que cresce subitamente ao lado do túmulo, escondendo o homem dentro do tronco para que os outros não vejam a imensidão da dor.
122 páginas
Organização e introdução: José Rui Teixeira Imagem da capa: fotografia de Lilya Corneli