As Bruxas de Blergh

As Bruxas de Blergh
As Bruxas de Blergh

Uurutau, 2021

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Existe uma velha canção infantil, provavelmente de origem ibérica, que entre seus versos enumera as qualidades necessárias de uma mulher: que saiba costurar, que saiba bordar, que saiba abrir a porta para ir brincar. O último e mais importante requisito que a moça tem que ter é “saber abrir a porta para ir brincar”.

A frase, que soa indiferente para as crianças, desperta inquietude a medida que crescemos e procuramos algum sentido nela. Julio Cortázar intitula assim um ensaio publicado em Ultimo round, onde trata do erotismo na arte latino-americana. Para ele, em uma viagem teórica que é um manifesto à vida, disso se trata:  abrir a porta para ir brincar.

As Bruxas de Blergh sabem abrir as portas para ir brincar, entre nervuras de palavras e peles, atacam, com humor, bispos e machos alfa, os alvos móveis deste tempo de horrores e vão escancarando portas numa constelação de signos toscos porém palpitantes.

Maria Angélica Melendi