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A minha mãe não tem idade para ser minha mãe

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SKU: 9786559003341

A minha mãe não tem idade para ser minha mãe
de Guilherme Pires Correia

200 pp.
Urutau, 2022
9786559003341

“Em tempos tinha tomado gosto à preguiça, até que lhe caiu a responsabilidade de cuidar de um ser, obrigada então a sustentar ambos com múltiplos trabalhos e vivendo toda vida no buraco a que chamou casa. Não que fosse decrépita, mas relembrava-a da desilusão que tinha, agora que a ilusão da vida desaparecia para dar espaço a uma realidade esmagadora e sufocante. Era jovem. Sabia-o, mas não o sentia.”
“Que temia? Nada. Temia-se a si mesma. Um medo que provinha do seu desejo de poder ser mais do que era. Gostava de ultrapassar as amarras do mundo e ir mais além, deixar o corpo para trás e nunca mais ser, nunca mais existir, morrer? Talvez. Desaparecer para sempre deste mundo, toda a consciência que um dia teve simplesmente a desvanecer-se de tudo o que é físico, é o mundo antes de nascermos.”
Com uma estrutura rigorosa e uma escrita envolvente, por vezes ligeira, outras mais profunda, Guilherme Pires Correia formula neste romance uma história que segue mãe e filho através dos seus percursos familiares, trajectos profissionais e académicos, círculos de amizade e sentimentos confusos. Os dois protagonistas ilustram de modo exímio o colapso afectivo e a carência emocional da moderna sociedade ocidental e a forma como um quotidiano avassalador e imparável consegue, dentro do mesmo espaço, colocar mãe e filho separados por abismos, partilhando uma solidão intrínseca que torna a dinâmica familiar numa dor que se renova a cada dia. O mundo exterior é sentido como um local pouco habitável e quase inóspito.
São essas memórias, associadas a momentos emocinalmente fracturantes, que Miguel recorda como as primeiras tomadas de consciência e que, de certo modo, o fizeram sentir que era diferente dos outros, moldando-lhe a personalidade e o carácter, levando-o ao longo da existência a constantes indagações filosóficas e perscrutações metafísicas sobre os desígnios da vida e da morte, do amor e da amizade, da ética e da moral.

PAULO CORREIA