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  • Terra firme, mar de anil

Terra firme, mar de anil

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SKU: 9786559000760

Terra firme, mar de anil
Manuel Neto dos Santos

88 pp.
Urutau, 2021
9786559000760

No cimo do seu «Monte Boi», terreiro que oculta raízes de uma ancestralidade que se perde no tempo e na memória, o poeta Manuel Neto dos Santos tem o seu cais de terra firme, um promontório de onde observa todo o esplendor do mar anil. A grés vermelha que pisa, recorda permanentemente o sangue, que alimenta a vida.
É neste reduto altaneiro de um Algarve que se recusou a ser Algarve, que Manuel Neto dos Santos, no auge da sua maturidade poética, conjuga magistralmente léxicos de um português erudito, transportando o leitor para tempos e espaços em que a poesia era o expoente máximo da cultura de um povo, essência da musicalidade dialética. Ler a poesia de Manuel Neto dos Santos é viajar mentalmente para os tempos da elegância da palavra dos vates iemenitas exilados para cá das Colunas de Hércules, destilando vocábulos quentes, saboreando pela palavra paladares, texturas, peles, carnes, sentires, em jogos de volúpia e prazer, não pecaminoso, porque exclusivamente sensitivo, absorvido pela limpidez da alma liberta da conspurcação acumulada pelo corpo. Manuel Neto dos Santos, sendo um dos grandes vultos das letras e à imagem e semelhança dos outros imortais, escreve tentando adivinhar/as suas origens, os mistérios que revelam, viajando mentalmente para mundos desconhecidos, vivenciando novas experiências, novas realidades, novos ritmos, novas culturas.
Toda a poesia de Manuel Neto dos Santos é ritmada, musical, repartida entre o tributo perpétuo aos grandes poetas do Gharb al-Andaluz e a homenagem aos grandes mestres da palavra conjugada nos tempos modernos, ambos de nostalgia, de saudade pelas palavras que eles libertaram ao vento e por isso partiram, esvoaçando em asas próprias, rumo a outras mãos, a outros corpos, a outros lábios que murmuram, a outras vozes que os declamam. Em Manuel Neto dos Santos tudo é passado, menos a sua poesia, que é nova, que é futura, que ainda está acorrentada aos manuscritos, que se vão libertando em forma de livro, imortalizando-se no esvoaçar eterno da liberdade poética, que ganha nova vida quando é lida e interpretada, renascendo de si mesma como a fênix, de cada conjugação de palavras brotada como água nascente da sua verve poética.

Nuno Campos Inácio