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  • Sobre o Absurdo

Sobre o Absurdo

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Sobre o Absurdo
João Constâncio

colecção:   Frente à Obra. Arte e Filosofia | 4

Documenta, 2024

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Joaquim Oliveira Caetano: «Uma das grandes obras de Bosch é o tríptico das Tentações de Santo Antão do Museu Nacional de Arte Antiga. As três partes compõem uma larga paisagem que unifica várias cenas da vida de Santo Antão, livremente compreendidas a partir da sua biografia escrita por Santo Atanásio: o Santo batido pelos demónios, na aba esquerda, arreliado por estranhas criaturas, no painel central, e tentado pela luxúria e pela gula, na aba direita.»

 

Sentarmo-nos frente às Tentações de Santo Antão no Museu Nacional de Arte Antiga em Lisboa tende a gerar em nós a sensação de nos encontrarmos numa terra desconhecida. Comecemos por perguntar se o estudo dos seus principais temas religiosos pode fazer desaparecer esta impressão.

Quando o tríptico está fechado, vemos os dois painéis exteriores: o da esquerda representa a prisão de Cristo; o da direita, o caminho do calvário, o «porte da cruz». Em ambos, impressiona a maldade dos homens — as suas acções violentas, as suas caras carregadas de cólera e orgulho, nalguns casos de luxúria e gula, imagens exemplares dos pecados mortais. Mesmo não comungando da fé cristã, compreendemos o que significa, para ela, a culpa que a humanidade carrega consigo por ter pecado contra o Cristo e repelido com ingratidão a graça de Deus. Quando o tríptico está aberto, vemos as tentações de Santo Antão em três painéis, e de facto em todos eles o essencial está, afinal, longe de nos ser estranho.

[João Constâncio]