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Salão Lisboa

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Salão Lisboa
Nuno Félix da Costa

Um livro de Lisboa e sobre a fotografia de Lisboa, sem pretender, contudo, documentar Lisboa – os seus labirintos exigiriam uma diversidade de mapeamentos. Visou uma espécie de evidência essencialmente anti-narrativa que se aproxima da leitura de um poema. As imagens não contam histórias, não se arrumam por bairros, não evocam acontecimentos o que estreitaria a sua leitura. Muitas não têm um especial valor informacional, mas, integradas no livro, pela sua aura estabelecem entre elas vínculos subtis.
Tentei evitar afinidades óbvias (contrastes quer formais quer de conteúdo) para que apareçam laços sub-liminares numa leitura à medida da variedade de discursos e intuições que Lisboa solicita. Também uma variedade de mundos: séculos e gentes entrosadas com uma considerável harmonia e uma característica urbanidade. Aqui aparecem percursos, alguns repetidos ao longo de anos. Poderiam ser outros, quer os meus quer os de tantos fotógrafos de Lisboa que a estimam por alguma razão – ou por muitas. Não se pode dizer que Lisboa trate bem os que a habitam, mas não é aqui o lugar para uma sócio-antropologia da cidade.
Tal como os versos sedimentam no poema, as fotografias sequenciam-se criando uma realidade de segunda ordem que é o nível em que um livro de fotografia deve ser lido, uma expressão plástica bem demarcada das artes afins, essencialmente dizendo coisas numa linguagem própria e esta forma de dizer (tal como a da poesia) atinge zonas que outras artes não tocam.
Muito do que Lisboa tem de único (a luz, o fado, a culinária, as colinas, a simpatia) talvez não apareça no livro. Não procurei a beleza dos seus grandes planos, antes as configurações espontâneas dos pequenos grupos, os gestos particulares, os momentos de uma mímica desmascarada como a que reconhecemos nas pessoas da nossa intimidade que há anos nos acompanham.

 

144 páginas / capa dura
Companhia das Ilhas, 2020