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  • Pingue-Pongue no Terraço

Pingue-Pongue no Terraço

12,00 €  
IVA incluído

Pingue-Pongue no Terraço
Luís Serra

Companhia das Ilhas, 2023

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Neste novo livro de Luís Serra (Évora, 1970) arrisca: «não é um caminho / é uma cicatriz.». A poesia, por exemplo.

Deste poeta avesso a luzes de ribalta (e a outras patifarias), disse António Guerreiro, em 4 de Julho de 2009, no jornal Expresso, a propósito de Brinquedos de Latão e Sarampo:

UM LIVRO QUE ALARGA HORIZONTES NA POESIA PORTUGUESA ACTUAL

«É bom saber que há vias fecundas e interessantes na poesia publicada por cá que escapam às cartografias que, mais ou menos informalmente, vão sendo traçadas. Este livrinho de um autor – Luís Serra – que, tanto quanto é possível saber, faz aqui a sua primeira aparição, nesta colecção chamada “Literatralhas Nobelizáveis”, de uma editora chamada Apenas Livros, oferece-se a uma leitura que apreenda a sua relativa novidade (ou, melhor dizendo, o uso de certos recursos que não estão hoje na ordem do dia), a sua atitude pouco respeitosa relativamente aos protocolos mais comuns da poesia actual. Antes de mais, importa dizer que estamos perante uma poesia que recusa a lógica discursiva. Todo o seu trabalho insiste noutro lado: nos jogos de sentido, nas ligações inusitadas, nos sentidos imagéticos que explodem por concentração vocabular e através da exploração de absurdos semânticos. É bem visível aquilo que a poesia de Luís Serra deve à imagem surrealista, mais do que ao surrealismo em geral. Eis um poema que se chama ‘Inverno’: “Improviso uma época balnear;/ línguas/ estrangeiras marcam encontros lúbricos.” E outro, baseado num processo de enumeração: “Uma mosca no resto doce do prato de veneno/ um rumo porno e cor de corrida/ um motor imóvel a dar um baile/ uma vontade de foder.” Veja-se como esta poesia, mesmo na enumeração, não tem nada de descritivo (e, por conseguinte, também nada de confessional: ela desvia-se, aliás, da asserção subjectiva, não há uma única ocorrência do Eu). Toda a sua força está na instauração de sentido, na abertura de horizontes insuspeitados: “Formigas de asas em revoada: concerto para enforcados.”