desenhos: Catarina Lopes Vicente e Daniel Fernandes
design e paginação: Paulo da Costa Domingos
Barco Bêbado, 2025
126 páginas
-
«O amor dado por uma mãe cai como caem os biombos, deixando-nos sós face ao abismo. É nessa solidão que descobrimos o nosso rosto. Só penetram nessa zona as gotas de chuva de uma canção de embalar murmurada por um deus ausente dos seus filhos. Uma canção de embalar cuja primeira estrofe cai sobre o nosso crânio, ressoando até aos dedos do pé. O refrão chega ao mesmo ponto de impacto. Em breve, a nossa carne não é mais do que um gongo, a sua alma ligada por ondas aos seus antepassados, aos corvos, aos guarda-rios e ao amor, esse tornado. Painéis que voam, vidros que estalam, lilás no coração e madeira de cedro perfumado esburacam o peito para que o futuro sangre.»