Insistindo no exemplo da química, este livro aborda a filosofia das ciências no sentido de sublinhar as diferenças essenciais entre um conhecimento que se torna científico e um conhecimento que julga ter um estatuto definitivo ao nível da experiência comum. A rutura entre o conhecimento comum e o conhecimento científico apresenta-se tão mítica que não poderia haver uma mesma filosofia para ambos, sendo o empirismo a filosofia que convém ao conhecimento comum. Para o autor, o empirismo encontra aí as suas raízes, as suas provas e o seu desenvolvimento, ao passo que o conhecimento científico é solidário do racionalismo e conhece uma atividade dialética que impõe uma extensão constante dos métodos. Assim, para Bacherlard, um facto registado ao mesmo tempo pelo conhecimento vulgar e pelo conhecimento científico não tem, do ponto de vista epistemológico, o mesmo valor.