O Lavrador da Boémia
O Lavrador da Boémia
Johannes von Saaz
52 páginas
Dimensões: 14x22cm
ISBN: 978-989-9007-36-9
Abril de 2021
Companhia das Ilhas
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Em O Lavrador da Boémia temos combate que identifica o amor perdido com tudo o que na natureza possa simbolizá-lo, as coisas boas, a Primavera e o Verão, as flores, tudo o que vive, a própria perfeição do corpo humano, os seus sentidos, a vista, o ouvido, o tacto, o cheiro e o paladar, tão perfeitos — como pode o Deus que tal criatura fez, o humano, ser o mesmo que inventou a figura da Morte como poder celeste instalado, fronteira obrigatória. Quem concebeu esta perfeição não poderá ser a mesma criatura que a impede de viver o que será o seu ciclo natural. É contra isso que o Lavrador guerreia e dirige as suas armas argumentativas.
O que Saaz realiza no Lavrador é, não só a denúncia de uma morte injusta, portanto, sem o fazer directamente, de um erro divino, mas também, pela qualidade da criação poética, fazer permanecer para além dos tempos uma notícia que ganha a dimensão perene de um texto clássico — a vida do texto ganha corpo, de facto, na tenção psíquica, real e não apenas retórica, de um confronto entre duas vozes cénicas, o Lavrador Saaz, e a Morte, instrumento de Deus munido de ciência teológica.