No limite da mão (poesia recolhida) José Acácio Castro
Officium Lectionis, 2025
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Com saibro e luz fui alisando estes caminhos e enquanto rompia as mãos as quatro asas da madrugada desenhavam os pombos de porcelana que agora trazemos sobre os ombros e nos acompanham pela estrada como uma música visível prestes a quebrar-se
adormeci e deixei um sabor a mel noturno em cada esquina (partindo?) nelas me acrescentei ora um ora vários para que o céu fosse mais eterno aqui junto ao ruído dos salgueiros
descuidados os esquilos espreitam-nos nas luras como se espiassem os filhos silenciosos das aves e nós finalmente indefesos fingimos estar presos ao chão apenas pelos dedos da tarde lúcidos e suspensos como um lago recortado a sépia