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Livro do Frio

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Antonio Gamoneda, poeta espanhol, nascido em Oviedo em 1931, vive em Leão e faz parte de uma geração, se por isso entendermos os poetas que nasceram perto daquela data, de grandes nomes da poesia espanhola contemporânea, como Angél Gonzalez, José Agustín Goytisolo, María Victoria Atencia, Francisco Brines, Jaime Gil de Biedma, entre outros. Mas por razões várias, a sua obra, peculiar e ímpar, apesar de o seu primeiro livro ter sido, como os daqueles poetas, publicado no início da década de sessenta, só mais tarde, no final dos anos oitenta, viria a ter o reconhecimento merecido, sendo Antonio Gamoneda hoje unanimemente considerado um dos grandes nomes da poesia espanhola da actualidade. 

"Livro do Frio" é o primeiro a ser publicado em Portugal, numa edição bilingue, com tradução do poeta José Bento, também autor de uma nota biográfica, que dele diz:

« (Gamoneda, a propósito do seu livro "Descripción de la mentira", visto como um poema orquestral): "Leio os grandes poemas orquestrais e impressionam-me. Tenho esse longínquo desejo de escrever um poema no qual não estaria eu, um poema de pura geometria, com palavras verdadeiramente frias." (Ainda Gamoneda aproximando o seu procedimento do trabalho do pintor): "Pela minha relação com os pintores sei que acontece o seguinte: um pintor, sem demasiadas razões para isso, estende uma cor sobre uma tela. Isso é uma abstracção. E, de repente, aquilo começa a organizar-se formalmente num sentido que já é, por exemplo, evocação de uma paisagem. Como se introduziu a paisagem na cor? Da mesma maneira que a memória se me introduz... nas palavras."

« Estes paralelismos com a música e a pintura são felizes: nos versículos de "Descripcíon de la mentira", como nos deste "Libro del frío" e em alguns poemas de "Lápidas", o poeta alcança o grau de abstracção de um quadro que se desmaterializa em pinceladas que nada ou pouco figuram, ou os efeitos musicais que não dependem do som das palavras, mas do poder que elas têm de pôr diante de nós visões, como se fossem trazidas por sons que arrastam ao nosso encontro evocações, recordações, medos; perplexidades que não somos capazes de racionalizar, deixando-nos envolver por elas.»

 

«Estou nu diante da água imóvel. Deixei a minha roupa

no silêncio dos últimos ramos

Isto era o destino:

chegar à margem e ter medo da quietude da água.»