E, em seu leito de morte, disse ele, de repente, Ao fim duma vida inteira de fé: ‘Peggy, Espero que as coisas sejam como sempre acreditámos que fossem,’ E ela garantiu-lhe que o Céu, com certeza, estaria à espera. Pessoalmente, espero que não. Porque, se o Céu e o Inferno Forem repartidos pelo Deus justo que nos ensinaram, Teremos muito poucas perspectivas de salvação: Nós que saltámos para as páginas desportivas, Deixando a rapariga enforcada em Srebenica Na primeira página, da mesma maneira com que antes Tínhamos continuado a ver, sem protestar, o soldado-esqueleto A arder ao volante na estrada para Basra; Nós que estamos tão certos dos defeitos De quem falhou e não fazemos coisa alguma Pela Fome, ou que teríamos aumentado o volume Para abafar o ruído metálico dos vagões de gado Que seguiam para Leste a preto e branco.
Fora do Sítio – Bernard O´Donoghue (tradução de João-Paulo Esteves da Silva/ capa de Sara Rocio/ composição por Joana Pires)