As falenas são borboletas da nite cujos movimentos incertos surgem a partir desse fundo de obscuridade de onde elas irrompem para logo a seguir desaparecerem. Os seus percursos errantes repercutem, por isso, o batimento das assas também a fragilidade e a beleza fugidia das suas formas. Este trajecto perfaz ainda a metamorfose que elas mesmo atravessam: de larva trepadora lixam-se, aparentemente imóveis, em crisálidas, para ressurgirem num esplendor de asas, como experiência de um sulco que se inscreve indelével, entre aparição e desaparição, expressão da memória e do afecto visual. Neste livro as falenas são a metáfora da imagem e do seu conhecimento, a composição oscilante dos seus processos de remomeração e impressão, dos seus modos de aparecer e saber. Em "Falenas", G. Didi-Huberman aplia e aprofunda a convicção já apresentada em obras como "Imagens Apesar de Tudo" e "Atlas ou a Gaia Ciência Inquieta", onde o que está em jogo é nada mais nada menos que o conhecimento histórico e o papel das imagens nessa delicada construção que implica o nosso sentido do presente e perspectiva de futuro. No bater de asas das falenas pulsa o tempo histórico e a contemporaneidad, como já acontecia com "Angelus Novus" de Paul Klee que Benjamin comentou - referência fundamental de Didi-Huberman -, em trânsito entre o pasado e o futuro.
de Georges Didi-Huberman Kkym ISBN 9789899892460 346pp.