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  • Éter

Éter

18,00 €  

Em ÉTER, António Cabrita reúne sete narrativas urbanas, que se localizam nos dois países em que tem alternado a sua vida: Portugal e Moçambique. São sete histórias com distintas estratégias narrativas, tal como são variados os seus temas, sendo contudo transversal uma idêntica tensão entre a memória pessoal e o esquecimento colectivo, bem como a escrita peculiar do autor de A Maldição de Ondina.

Os seus diferentes narradores actuam na fronteira entre a verdade e a verosimilhança, adoptando o jogo perigoso de fazer coincidir drama pessoal e memória colectiva: é o caso de Kamasutra Para Rouxinóis, conto que desenvolve o seu enredo em torno da dificuldade de ser jovem e ter uma plena descoberta do corpo nos últimos anos da ditadura, quando realizar uma sexualidade satisfatória implicava romper com uma série de condicionamentos sociais – inibição que tem uma leitura geracional mas cuja lembrança traumática foi atirada para o caixote das coisas ridículas pelo abrupto descongelamento dos costumes sexuais a seguir ao 25 de Abril; ou de O beijo no Arame, onde o narrador cruza a memória de um faitdivers – um crime que aconteceu nos anos 90 em Portugal, quando um conhecido alfarrabista de Lisboa matou a mulher, o filho e o gato de família, antes de se suicidar – e as turbulentas manifestações populares em Maputo em 2011, para, com o ritmo de um thriller, reflectir sobre os limites da ética na fixação da memória colectiva.  Mesclando, como é habitual no autor, o humor, a melancolia, o drama e a sátira, o quotidiano e o mito, os seis primeiros contos lêem-se de uma penada, e o seu acinte tem um antídoto no conto final, A vã memória póstuma da AC, no qual o leitor é convidado a sorrir com a auto-paródia que o autor aplica ao seu próprio estilo e às suas expectativas, interrogando o estatuto da literatura.

 

ANTÓNIO CABRITA (Almada, 1959) foi jornalista durante vinte e cinco anos, dezanove no Expresso, onde escrevia sobre cinema e livros. Há anos que hesita entre fazer uma tese sobre Grabato Dias ou sobre o “romance negro” em Alex La Guma, entre fazer um romance sobre a infância de Bocage ou sobre o “império líquido” da disforia portuguesa. No impasse só lhe saem versos de tíbio volume, mas, em escapando da já anunciada nova estirpe da ébola, crê que pelo menos coligirá a inesperada e esfuziante correspondência entre a sua tia Escolástica e Billy Wider. Que Deus lhe dê tempo e mais um bocadinho de responsabilidade.

 


Ilustrações e logótipo convidado Luis Taklim


Composto em caracteres Minion Pro e Agency FB
sobre Munken pure creme 100 g.
Capa em Cartolina chromocard 260 g.
Tiragem 1000 exemplares


ISBN 978-989-8688-15-6
13 x 20 cm
192 págs