Ernesto
Ernesto
de Umberto Saba
João Azevedo Editor, 1988
Biblioteca Italiana
135 pp.
Tradução de Cristina Dabraio
Esta nota fazia parte da resposta a um inquérito Sobre o erotismo na literatura promovido pela revista Nuovi Argomenti em 1961. Alguns anos antes Umberto Saba lera em voz alta a Elsa Morante o seu romance Ernesto que então estava compondo. Ela depois teve ocasião de reler o manuscrito, graças à amizade de Linuccia, filha do poeta.
Li, recentemente, um romance inacabado, inédito, e ainda (mas por pouco tempo, eu espero) desconhecido de todos. Na nossa imaturidade perpétua, que procura aos apalpões as suas passagens para a clareza, certas leituras equivalem, para nós, às experiências reais e providenciais: afastando da nossa volta, com a intervenção iluminante, os monstros infantis da superstição comum. Nesta função liberatória consiste, creio eu, a máxima razão da arte. O autor do manuscrito é Umberto Saba, poeta que, pela graça do seu sacrifício, pode aproximar-se de um santo.