De cabeça para baixo
De cabeça para baixo
Luís Carlos Patraquim
Convém cobrir a cabeça. Elas são danadas. Chegam antes dos ventos de Setembro, noturnas, devagarosas, gotejantes, em fiapinhos invisíveis, verificáveis no tejadilho dos Ferraris e dos chapas, nos heliportos dos edifícios high-tech, nos debruados e kitsch varandins dos palácios gordos, de imitação, nos telhados de zinco, na inchação dos colmos, nos panos dos quintais. Minuciosas, precisas, poisam nas folhas das árvores, nas mínimas pétalas das flores.