No meu tempo uma linha curva acompanhava a estrela solar: meio círculo até ao ponto final do horizonte um novo meio círculo imaginário começando do ponto final do pôr do Sol Acumula tantos círculos como dias o senhor doutor Ó senhor doutor venha aqui assistir ao círculo ancestral rodopiante ali vai ele senhor doutor Apresento-lhe o bêbado absoluto Este homem frequenta o agora há anos Amanhã Hoje Eternamente alegre Deixa-se levar pelo pulsar das correntes Mergulhado na espiral do momento imperturbável Hoje Todos os dias Pulando de agora em agora Os astros recuam dois passos solenes para o deixarem passar (Neste momento passa em silêncio pelas minhas costas. Sinto o seu bafo quente e doce percorrerem-me o pescoço) O bagaço afasta-lhe os lábios e as palavras tornando-as imparáveis Ó senhor Doutor o hoje não alcançará o amanhã enfiado no seu lúdico carrossel cósmico em alta velocidade O agora alonga-se Caro senhor doutor O senhor que é esplendorosamente elegante e aborrecido Venha O carrossel vai arrancar de novo Não quer vir? O cavalinho cor de rosa está livre Faça favor A viagem vai começar Ouvidos em riste Vem aí o discurso do bêbado E do universo