Burilada
Arte-factos para a Sobrevivência
A publicação BURILADA | artefactos para a sobrevivência documenta a exposição homónima que inaugurou a Casa do Design de Matosinhos em Junho de 2016. Com curadoria de Francisco Providência, designer e docente da Universidade de Aveiro, e Helena Sofia Silva, docente da ESAD/Escola Superior de Artes e Design de Matosinhos, apresenta um conjunto de objetos de design que se constituem como agentes de reconfiguração de cultura material no Portugal contemporâneo. Artefactos que ligam design e artesanato, desenho e produção, segundo geometrias e geografias diversas. Artefactos que resgatam saberes e identidades, reanimam economias, revalidam materiais e repensam funções. Objetos que ambicionam abrir o campo das possibilidades à sobrevivência, religando centro e periferia, alta e baixa tecnologia, um corpo que modernamente viu dissociar a mão da cabeça.
Apresentados em seis núcleos — Gestão, Conservação, Produção, Investigação, Demonstração e Reinvenção —, são complementados com os argumentos de designers e investigadores convidados a refletir sobre o tema. Cláudia Albino (Design e Artesanato na Construção dos Territórios) coloca a necessária ressignificação dos lugares na fusão do urbano com o rural, dirigida à regeneração social, económica e urbana, a partir dos processos de cocriação colaborativa entre artesão e designer. Rita Filipe (Funcionalismo e Design Cultural e... a Catedral Gótica?), ao rejeitar a dimensão colonialista das narrativas modernistas, encontra na heterogeneidade contemporânea argumentos para o desdobramento dos usos e reforço das narrativas simbólicas. Encontrando na intencionalidade o contraponto ao exotismo e ao autoritarismo funcionalista, propõe a refundação do território pela significação cultural da experiência centrada no indivíduo. João Nunes (Estratégias e Representações do Mundo Rural Português + Novas Relações Entre o Pensar e o Fazer) defende um artesanato neorromântico e ativista, que articula a dimensão etnográfica e as técnicas analógicas com a maquinação digital. Imbuído do espírito do lugar, o designer torna-se artesão, manipulando tanto a matéria plástica do objeto como os algoritmos dos novos instrumentos tecnológicos, assim convocando a reconstrução de vivências contemporâneas do rural.
Amplamente ilustrada e com design do atelier Non-verbal Club, esta publicação vem contribuir expressivamente para a investigação no domínio das relações entre o design e o artesanato.
Edição
ESAD, Escola Superior de Artes e Design
Câmara Municipal de Matosinhos
Coleção
Casa do Design
Coordenação Editorial
Francisco Providência
Helena Sofia Silva
Textos
Cláudia Albino
Fernando Rocha
Francisco Providência
Guilherme Pinto
Helena Sofia Silva
João Nunes
José Bártolo
Rita Filipe
Design Gráfico
Non-verbal Club