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Babilónia

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BABILÓNIA
René Crevel

tradução e apresentação: Aníbal Fernandes

Sistema Solar, 2022

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[…]

René Crevel, o rebelde romancista do Surrealismo francês, regressa uma vez mais às suas obsessões de solidão e morte; persiste numa das suas denúncias preferidas, a da família orquestrada pela moral e por casamentos de burguesa virtude. A Menina, que se acha com direito a ver o mundo através de uma versão individual, dominada pela liberdade de ser e pensamento, começa a fazer-se mulher. E sente, com nitidez cada vez maior, que o seu pai, a sua prima Cynthia, a sua avó, a negrinha do Senegal, são todos invencivelmente dominados pelo desejo, todos ressuscitam o Vento soprado pelas licenças de uma velha Babilónia. Ela; o seu avô-psiquiatra só capaz de perceber os actos humanos que se adaptam à sua matriz, e que a todos os outros chama actos-cogumelos; a sua mãe que se sujeita, por falta de vento, a acompanhar um marido anão na sua propaganda evangélica, não ressuscitam o Vento. Mas esta consciência de não conseguir entregar-se aos Ventos da vida, perturba-a; ao não se ver capacitada para ressuscitar o seu Vento, foge do mundo pela indiferença e pelo medo. O final da história é melancólico: Terra insensível, terra vazia, Babilónia; depois dos gritos, das mordidas, é o grande silêncio. No mar, um dique continua este chão carnal, este grande corpo de continente que a insolação diviniza. Uma mulher, uma cidade lutam, por indiferença.

[Aníbal Fernandes]