Analema
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PESADELO
Na véspera de partires sonhei que eras um monstro
com o poder e o desejo de me matar
ao acordar inquiri calmamente o porquê
de eu te ter transformado nessa figura odiosa,
tu que sempre foste o reverso da monstruosidade,
o anjo térreo de asas pesadas, incapaz de planar
acima da matéria que acaricia
desconheço o significado
deste paradoxo onírico da despedida
mas a lembrança do sonho está despojada de horror,
não me causa angústia,
acrescenta só uma gota mais turva
ao lado lodoso da melancolia
onde a tua imagem bóia com brandura:
os anjos, mesmo os de asas pesadas, nunca se afundam
Analema
de Catarina Costa
(ilustrações de Malia Poppe/ composição de Joana Pires)