Escrito entre 1929 e 1930, durante o seu terceiro exílio, "A Minha Vida" é muito mais do que uma autobiografia. É um ajuste de contas do mais puro combate político, em que a principal arma do revolucionário é a verdade alicerçada num sólido arquivo. É a afirmação do pensamento e da prática marxistas como Trótski as encarou, o relato de como se juntou às fileiras marxistas, de como liderou o soviete de Petrogrado de 1905, de como participou nos debates teóricos marxistas mais importantes e de como lidou com os sucessivos exílios e sacrifícios pessoais que a luta pela revolução lhe exigiu. É uma análise autocrítica dos momentos que culminaram na Revolução de Outubro, na vitória na Guerra Civil Russa e na ascensão do Termidor Soviético.
Mas é também o retrato de um país a braços com insanáveis contradições e a terna evocação de uma infância perdida num tempo irrecuperável.