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Transfiguração da Fome

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Transfiguração da Fome
Sara F. Costa
ed. Labirinto

Livro vencedor do Prémio Internacional Glória de Sant'Anna para melhor livro de poesia publicado em países de língua portuguesa em 2018.

 

"A Transfiguração da Fome é assim um livro que faz do trabalho de transformação ou de invenção da linguagem, da palavra resgatada do uso quotidiano, o ofício e o assunto da poesia. Da poesia como expressão intelectual e artística do homem enquanto animal de linguagem ou, de modo mais preciso, desse “animal raivoso” que é o poeta no dizer de Teixeira de Pascoaes. O poeta que amarrota com mãos insatisfeitas e arroja raivosamente ao chão os papéis escritos, na sua busca permanente da palavra.

 

O próprio poema é um animal que respira e se move, tem fome e sede, metáfora que um poeta como António Carlos Cortez convoca, em títulos como Animais Feridos ou, mais recentemente, em Jaguar. Do mesmo que há, pronto a despertar, “um animal selvagem no fim da memória” (p. 19) do poeta. Nos poemas que compõem A Transfiguração da Fome há carne (corpo), sangue, sexo, sémen, desejo de procriar, de uma nova vida, de uma vida transfigurada.

Dois poemas, em particular, parecem fazer luz sobre o enigma do título. O primeiro, justamente denominado “Transfiguração da Fome”, onde a voz poética se dirige a um “tu”, dando conta do labor da escrita no corpo a corpo com a folha em branco (“escrevo ritualisticamente sobre as omoplatas da folha, /e há estrelas de solidão entre as palavras”), perscrutando a solidão e o fulgor que as palavras silenciam ou ocultam. O fulgor da palavra liberta da “impostura da língua” (na expressão de Maria Gabriela Llansol), a palavra poética como transfiguração da linguagem quotidiana, de um real esvaziado de sentido ou de luz, como transmutação da miséria e da fome que caracterizam os nossos dias: “perguntas-me se confio no furor do tempo,/quando sabes que a nossa glória/não passa da transfiguração da fome” (p.31)."

Isabel Cristina Mateus, Revista Caliban