Música de Anónimo reúne os poemas escritos pelo autor entre 2001 e 2009, poemas que foram ficando para trás em termos de publicação, mas em que se reconhece e encontra unidade. Neles se procura talvez alguma coisa que sobrevive entre o mais pleno e o mais escasso, faces apenas da mesma matéria do mundo – isto é, música e puro anonimato. No fascínio pelo sempre outro, nos trabalhos e nos dias, no diálogo com as vozes alheias.
Excerto
MULHER SENTADA A LER Os pés soltos, o corpo leve moldado ao mundo que nele se cria procuram uma nova gravidade, outro repouso A água reveste a sábia nadadora a que se deixa fugir com íntimos vestidos dispõe o seu herbário infinito oferece o silêncio, fabulosas decisões Desdobra as cortinas temporais enquanto atravessa a flora resistente do lugar e os mergulhos se tornam dança das algas