CARIDADE ROMANA, de José Emílio-Nelson, repensa a representação literária. Dispersa-se na teatralidade que é fraturada, irrepresentável e recolhe, suprimindo formas narrativas homogéneas, o vício e as virtudes que atravessam as ligações que se desenrolam no convívio das redes sociais.
Ao contrário da fórmula gasta da transgressividade, CARIDADE ROMANA, título que alude ao mito de Pero [que aleita o seu pai encarcerado e moribundo] e Cimon, assume a prática medieval de temas plurais, interpondo entrelinhas idealizadas que sincronizam paradoxalmente o misticismo desassossegado de Marguerite Porete com o pensamento do heresiarca Sade. Escrita inominável (de vibração provocadora?, irritante por ser perturbadora?, espermática), nunca envereda pelo ornamento, a bela versatilidade, nos instantes do real que desrealiza surpreendentemente, sem fascinar pela exibição do desbragamento.
