Mais de cinquenta anos volvidos sobre a estreia de Ah, os dias felizes, o quadro de abertura da peça de Samuel Beckett continua a surpreender-nos, intrigar-nos, perturbar-nos. Sob um sol inclemente, uma mulher enterrada até à cintura age como se tal condição fosse a coisa mais natural do mundo, respondendo à cruel estranheza da sua circunstância com um discurso falsamente bem-disposto e hábitos ritualizados. Winnie é o seu nome. Willie é o marido dorminhoco, lacónico e intermitente, a quem a mulher dirige a sua tagarelice, até que as palavras os abandonem… Na aridez do texto do dramaturgo irlandês descobrimos uma surpreendente fertilidade, capaz de dar conta tanto da condição humana como do jogo da representação teatral ou de uma civilização devastada. Deste volume faz ainda parte o “dramatículo” Não Eu, uma das mais radicais experiências cénico-dramáticas de Samuel Beckett e uma das mais inesquecíveis experiências de qualquer espectador de teatro.
Título Ah, os dias felizes Autor Samuel Beckett Tradutor Alexandra Moreira da Silva Ano 2013 Edição Edições Húmus/Colecção Teatro Nacional São João – 11